Apesar de muito raros, os casos de morte súbita durante uma atividade esportiva nos leva a preocupação, como médicos e como esportistas, de como fazer para que isto não aconteça. Neste fim de semana soubemos de mais um caso fatal, de um atleta de provas de aventura, que segundo familiares estava com recomendação médica de não participar da prova, porque deveria completar seus exames prévios, o que não o fez.
Este é o ponto! Os atletas ligados á equipes profissionais de qualidade fazem os exames obrigatórios regularmente, portanto estão protegidos pela avaliação médica pré-participação, que deve seguir os novos critérios do velho eletrocardiograma, próprios de um “coração de atleta” que estão nas Diretrizes Brasileiras de Cardiologia do Esporte e do Exercício, visto ser a morte súbita em quase 95% dos casos, causada por problemas cardiológicos. Enquanto os esportistas amadores desdeem a avaliação médica.
Para esportes de alto rendimento como as corridas longas, a consulta especializada inicial é fundamental, juntamente com os exames de eletrocardiograma em repouso, das dosagens laboratoriais: glicemia, níveis do colesterol e triglicérides, da função dos rins: creatinina e urina I e o hemograma. Para quem tem tatuagens recomenda-se pesquisa das hepatites. Queremos um ecodopplercardiograma que nos define a estrutura do coração e suas funções adaptadas ao exercício físico. Por fim, o imprescindível teste ergométrico ou o teste cardiopulmonar, usando protocolo próprio para atletas. Deve-se seguir sempre até a exaustão ou então parar pelo surgimento de sinais, ou sintomas de problemas médicos no atleta. Neste caso convém ressaltar, que por Resolução do Conselho Federal de Medicina esse exame só pode ser feito na presença física no local, de um médico habilitado, nunca aceitar que sejam feitos vários exames ergométricos ao mesmo tempo, e observados por um único médico ou então que seja feito só por profissionais da saúde não médicos (aí é melhor desistir e procurar outro laboratório).
Para a prática de atividades físicas não muito intensas e não competitivas, o médico seguirá novamente o conteúdo da Diretriz Brasileira, solicitando exames complementares personalizados, ou seja, considerará a idade do atleta, a presença de fatores de risco cardiovascular, se o mesmo é portador de alguma doença crônica e finalmente qual a atividade esportiva que será praticada. Uma pessoa pode estar apta para correr 3 a 5 km, mas não para natação de mar aberto, alpinismo ou outro esporte radical, mesmo em academia, como o CrossFit ou HITT. Se o médico desconhece os riscos de um esporte, não deve fazer a avaliação pré-participação.
Podemos concluir que a avaliação pré-participação com seus exames complementares é sempre recomendada, pois é a única medida protetora contra riscos considerados raros, mas, possíveis na prática esportiva, seja na rua, na pista, na quadra, no campo e até mesmo numa academia.
Dr. Nabil Ghorayeb – Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte