A mídia noticiou mais um caso de problemas cardíacos de um ator famoso numa grande confusão diagnóstica: infarto, UTI por conta de um ataque cardíaco até de acidente vascular cerebral, tudo depois de um quadro gripal comum quando então surgiram problemas cardiológicos, que chegaram até a confundir os médicos, quanto ao verdadeiro diagnóstico.
Vamos explicar o que é uma miocardite viral. Em primeiro lugar a virose mais comum não é a causada pelo Zika ou Dengue, e sim por viroses bem mais antigas e conhecidas que vão desde as viroses da gripe comum como aquelas das grandes metrópoles, que podemos apelidar de “primas” da gripe, os adenovírus, enterovírus, etc.
Quando um esportista mantém níveis muito intensos de exercícios físicos sem acompanhamento médico detalhado e nutricional, sofre um fenômeno perigoso no seu organismo, que é a perda da capacidade de defesa imunológica, ou seja, fica vulnerável às infecções, principalmente as viroses. Todos já ouviram falar que depressão, descuido com as intempéries do clima, favorecem certas doenças respiratórias, principalmente as gripes e pneumonias. O mesmo fato tem grande chance de ocorrer nos exageros de atividade física e nas dietas de restrições de certos alimentos, sem nenhuma orientação profissional (exemplo coachs, blogueiros e palpiteiros sem formação técnica).
Instalada a virose num organismo sem defesas eficientes, poderá ocorrer a disseminação dos vírus e em cerca de 7 a 13% das pessoas infectadas pode haver a invasão das células do miocárdio, produzindo uma forte inflamação desse músculo a MIOCARDITE e de sua capa natural, o pericárdio provocando a PERICARDITE.
Seus sintomas mais comuns são fortes dores no peito, falta de ar, leve febre e fraqueza geral. Podemos ter com certa frequência, vários tipos de arritmias cardíacas e mesmo grave insuficiência cardíaca. O diagnóstico cardiológico não é tão difícil e contamos desde clássico eletrocardiograma como exame básico, além do ecocardiograma com doppler colorido, segue-se a ressonância magnética do coração, além, se necessários, outros como o cateterismo cardíaco, além dos obrigatórios exames de sangue.
O tratamento é clássico, repouso hospitalar de longos dias e depois repouso domiciliar que dependendo da evolução pode atingir meses. Os medicamentos são os sintomáticos (apenas para os sintomas) e alguns selecionados anti-inflamatórios de bom resultado no tratamento. Preocupam as possíveis complicações cardiovasculares que podem acontecer e deixar sequelas ou até serem fatais. Toda evolução é imprevisível no início porque muitas vezes independe do tratamento feito.
Prevenção é bem clara e formal, evite excessos na intensidade dos exercícios físicos (malhação de altíssimo nível) sem acompanhamento médico e de profissional de educação física, a sua alimentação deve ter orientação para não se enfraquecer do ponto de vista imunológico. Evite “orientações” de quem não é do ramo de saúde do esporte. Temos visto muitas pessoas exercendo ilegalmente uma profissão para a qual nunca foram habilitadas.
Dr. Nabil Ghorayeb – Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte