Várias ações preventivas estão em andamento sobre atividades físicas, principalmente as dezenas de corridas de rua e ciclismo. Podemos acrescentar outros esportes, como tênis e os coletivos: futebol, basquete e vôlei. O tema discutido é, qual seria o responsável pela segurança da prática esportiva?
Pesquisadores norte americanos e ingleses, publicaram editoriais sobre segurança no esporte em revistas de alta credibilidade científica, baseados nas maratonas e provas ciclísticas europeias. Detectaram que um evento médico numa dessas tão procuradas atividades esportivas é baixíssimo (um caso fatal para cada 30000 participantes) nas maratonas de Paris e nas de Londres. Nos registros analisados o infarto agudo do miocárdio principalmente entre os esportistas de primeira viajem, prevaleceu mesmo naqueles com avaliação médica geral prévia.
O que se passou na verdade foi que um não especialista, que havia feito a avaliação médica geral, não focou nos possíveis riscos de uma prova esportiva desgastante, por desconhecer essa área peculiar. Podemos citar por exemplo, o que ocorreu numa maratona de New York há mais ou menos 10 anos, quando quatro esportistas amadores (um deles brasileiro) tiveram infarto do miocárdio fatal entre o vigésimo quilómetro e o final da tradicional prova.
Um dos fatores de alto risco de provocar eventos fatais foi o clima durante a maratona, a temperatura média estava ao redor dos 06 C 0 . Todos tinham antecedentes prévios conhecidos de doença cardíaca das coronárias, mas não foram alertados do possível risco numa muito baixa temperatura ambiental, e que deveriam ter seus fatores de risco (colesterol elevado, hipertensão arterial, diabete) totalmente controlados.
O fato de realizar a avaliação padrão não deve ser servir como seguro de vida, outros fatores (viroses, clima, estresse) podem mudar a evolução de um exercício intenso de alto desgaste físico. A preparação profissional e competente com educadores físicos, a obrigatória orientação nutricional aplicada ao esporte, a conveniente avaliação médica focada no aparelho cardiovascular e suas modificações que ocorrem no coração treinado, que se confunde com o de certas doenças cardíacas. Afinal só um médico atualizado nos conhecimentos dessa área as detecta.
Na Inglaterra, há poucos anos atrás, foram selecionados 3000 cardiologistas para darem os laudos de três eletrocardiogramas, sem identificar a idade e de quem eram. Foram enviados exames de três atletas de alto nível de treinamento (um oriental, uma afrodescendente e outro de um caucasiano) e os resultados foram de uma surpreendente decepção. Apenas 14% dos cardiologistas acertaram os laudos.
Nos EUA, recente pesquisa entre universitários chegou a resultado parecido e aí ocorreu uma grande preocupação, de que os cardiologistas que examinarem atletas deveriam ter uma reciclagem urgente , mesmo online para lhes informar dos novos critérios específicos dos exames de um atleta ou de um esportista de alto nível de treinamento regular. Enfim o mundo está acelerando a divulgação e ensino desses conhecimentos entre os médicos cardiologistas e não cardiologistas, para que se erre o menos possível. Além da avaliação médica com conhecimento, tudo que abranja o exercício físico deve ser informado ao cliente. Um esportista de corridas de rua, um alpinista ou um mergulhador tem que ser avaliado dentro da modalidade que ele pratica.
Dr. Nabil Ghorayeb – Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte