Em abril deste de 2019 morreu um triatleta na prova no Rio de Janeiro, dias atrás desapareceu no mar um atleta na prova em Fortaleza, os dois eram experientes e na faixa dos 40 anos. Seria o TRIATLO um esporte onde o risco de vida está subnotificado?
Por coincidência nos EUA foi divulgado uma grande pesquisa científica sobre mortes no Triatlo no dia 19 setembro na revista conceituada “Annals of Internal Medicine” causando forte impacto médico: a de que paradas cardíacas recuperadas e mortes durante as provas de TRIATLO não são raras, e excedem a estatística conhecida de uma morte para cada 100000 atletas nas corridas de maratona. De 2006 até 2015 ocorreram 1,74 eventos fatais por 100000 participantes baseados em dados oficiais de registros de mortes de atletas do governo dos EUA e contatos com familiares das vítimas atletas. Numa projeção conservadora dos esportistas que completaram as provas, chegaram ao total de 09 milhões de atletas que completaram as diversas provas.
Foram encontrados 135 eventos médicos graves, dos quais 120 cardíacos e dentre eles 107 mortes súbitas e 13 paradas cardíacas ressuscitadas, além de 15 mortes por traumas acidentais durante o segmento ciclismo (choque contra carros, quedas, colisões contra objetos fixos como árvores e trilhos).
Das causas cardíacas descobertas nas necropsias, 44% tinham doença cardiovascular, a maioria com graves obstruções das coronárias e outras doenças do miocárdio, seguramente fáceis de diagnosticar na avaliação de um especialista em cardiologia. A maior parte dessas mortes foi de homens (85%) com mais de 40 anos! Vários médicos que acompanharam esses trabalhos afirmaram que para mudar essas estatísticas as avaliações não devem ser genéricas e simples.
Noventa das 135 mortes e paradas cardíacas (67%) ocorreram no segmento natação da prova de TRIATLO que é a primeira modalidade e causou muitas perguntas do tipo por ser a primeira a adrenalina está no mais alto nível? Ou seria um problema de logística que tem que ser revista para detectar algo errado com o atleta. Enfim, mortes no esporte são raras, mas não deveriam existir, pelo que pode concluir é que muitos atletas afirmam que não sentem nada e por isso, não precisam de avaliações ou então, meu parceiro de provas disse que pelo fato de praticar esportes há muito tempo não devo ter nada.
Nada acontece por acaso, as mortes ou eventos médicos acontecem por uso de drogas, ou por doenças não diagnosticadas ou por doenças não valorizadas, ou por excessos físicos não esperados.
Dr. Nabil Ghorayeb – Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte